BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 2 – Dezembro/2017
Sífilis
Conceito:
A Sífilis é uma doença infectocontagiosa, sistêmica, de evolução lenta, curável, transmitida por uma bactéria chamada Treponema pallidum.
Como características, a bactéria possui baixa resistência ao meio ambiente, porém pode sobreviver por até 10 horas em superfícies úmidas. Ela é sensível ao sabão e de outros desinfetantes.
Transmissibilidade:
Estima-se que 60% é transmitida sexualmente e 40% de forma vertical (mãe para o recém nascido).
O período de incubação varia de 10 a 90 dias, com uma média de 21 dias, após o contato com o portador infectado.
Quando não tratada, alterna períodos sintomáticos e assintomáticos.
Não existe vacina contra a sífilis.
A infecção não confere imunidade protetora e aumenta a vulnerabilidade do paciente ao HIV.
Em gestantes não tratadas ou tratadas inadequadamente, a taxa de transmissão chega a 80%. Pode apresentar conseqüências severas como abortamentos, partos pré maturos, manifestações congênitas e morte do recém nascido.
Sinais e Sintomas:
Os sinais e sintomas variam de acordo com a fase da doença.
Na fase primária surgem lesões conhecidas como cancro duro, caracterizada por uma úlcera, geralmente única no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, etc.), indolor com a base endurecida, fundo limpo e rica em Treponemas. Pode durar de 2 a 6 semanas, desaparecendo espontaneamente, independente de tratamento.
A fase secundária compreende entre 6 semanas e 6 meses após a infecção. Surgem lesões não pruriginosas na pele, ricas em Treponemas e com alta transmissibilidade. Podem surgir lesões papulosas (tronco) e eritemas palmo-plantares. O portador pode apresentar febre, mal estar, cefaleia e fraqueza muscular. Os sintomas podem desaparecer espontaneamente.
Na sífilis latente (silenciosa) é onde ocorre a maioria dos diagnósticos. É um período onde não se observa sinal ou sintoma de sífilis e verifica-se somente reatividade nos testes imunológicos. Ela é classificada de acordo com o tempo de infecção. Pode ser latente recente, quando a infecção se deu até 1 ano ou latente tardia, quando há mais de 1 ano de infecção. Quando o indivíduo com diagnóstico confirmado não se consegue inferir a duração da infecção, trata-se como sífilis latente tardia.
A fase terciária ocorre em aproximadamente 30% das infecções não tratadas. As manifestações ocorrem em um período de 2 a 40 anos após a infecção. Pode haver acometimento do sistema nervoso e cardiovascular. Há formações de granulomas destrutivos, gomas sifilíticas (tumorações com tendência à liquefação) na pele, mucosas, ossos ou qualquer tecido. Nesta fase há quase uma ausência de Treponemas e a transmissibilidade é baixa.
A neurossífilis acomete o Sistema Nervoso Central, podendo ocorrer já nas fases iniciais da infecção. É a manifestação mais comum na sífilis terciária. Acomete de 10 a 40% dos paciente não tratados.
Sífilis Congênita:
É a disseminação da infecção de uma gestante não tratada para o seu feto por via transplacentária. Muito preocupante pelas suas conseqüências.
Pode ocorrer em qualquer fase gestacional ou estágio clínico da infecção. Na fase primária e secundária, a transmissibilidade atinge de 70 a 100%.
O contágio também pode ocorrer durante o parto, devidos às lesões maternas ou no aleitamento se também houver lesões mamárias.
Classifica-se em precoce ou tardia, com ou sem sintomas, com acometimentos e seqüelas graves, podendo levar o recém nascido a óbito.
Aconselha-se a realizar o exame diagnóstico a cada trimestre da gestação, logo descubra a gravidez para evitar a sífilis congênita.
Situação da Sífilis em Campos Gerais:
No ano de 2016 não houveram notificações, o que traz uma preocupação para a Vigilância Epidemiológica, pois acredita-se que há uma subnotificação. Ou seja, um número alto de acometidos e poucos diagnosticados.
No ano de 2017 já houve 1 notificação de Sífilis Adquirida e 1 caso de Sífilis Congênita, tratados e curados.
É importante o diagnóstico precoce para se evitar a proliferação da infecção e possível surto. Em Minas Gerais a situação já é preocupante e houveram surtos em diversas regiões.
Ao menor sintoma, peça o exame ao seu médico.
Evite a disseminação.
A Sífilis tem tratamento e tem cura, mas quando não tratada, traz conseqüências perigosas aos infectados, aos seus parceiros sexuais e no caso das gestantes, para o seu bebê!
Referência Bibliográfica:
BRASIL. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis. Brasília-DF: Brasil, Ministério da Saúde, 2016.
SINAN NET/Campos Gerais.